O destino de Jair Bolsonaro parece definido: ele dificilmente ocupará mais por outros quatro anos a cadeira de presidente. Este, por ora, é o cenário mais provável. E também o menos dramático para o presidente, que ainda corre o risco de sofrer impeachment e, a depender das acusações que enfrenta, acabar preso, como explicou o criminalista Fernando Hideo Lacerda em entrevista a CartaCapital.
Todas as pesquisas de opinião divulgadas nesta semana chegam à mesma conclusão: a popularidade de Bolsonaro, com a trágica gestão da pandemia, cai rapidamente.
De acordo com a CNT/MDA, a aprovação e a popularidade do presidente atingiram os piores níveis desde o início da gestão. O Datafolha aponta que 59% dos eleitores rejeitam o mandatário. Nesse ponto, no levantamento da XP/Ipespe, 63% desaprovam o governo.
Com o andamento da CPI da Covid, não é mais só a pandemia que assusta o ex-capitão. Entraram em campo também denúncias de corrupção na compra de vacinas.
Já são 69% dos brasileiros que atribuem as suspeitas a membros do governo, 15% ao próprio presidente e 28% aos dois. Apenas 5% não relacionam a nenhum deles, segundo a XP/Ipespe.
Diante dessas suspeitas, membros da Comissão Parlamentar de Inquérito enviaram a Bolsonaro uma carta em que cobram explicações sobre as acusações feitas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).
No mesmo dia, veio a réplica, com o habitual linguajar presidencial: “Você sabe qual é a minha resposta, pessoal? Caguei. Caguei para a CPI. Não vou responder nada.”
A tréplica foi dada pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM): “O senhor pode jogar qualquer dejeto na CPI, mas não faça isso com o povo brasileiro. Responda ao povo brasileiro.”
Não bastassem os problemas acima descritos, o presidente se vê envolto novamente em um caso já conhecido: o das rachadinhas.
Nesta semana, novos áudios vieram à tona. Em um deles, a esposa de Fabrício Queiroz, suposto operador do esquema, chora e questiona se ela seria morta caso optasse por retomar sua vida durante as investigações.
Outro áudio implica diretamente Bolsonaro. O presidente, quando deputado federal, teria demitido André Siqueira Valle, irmão da sua segunda mulher, do cargo de assessor por não entregar a maior parte do salário para ele.
“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’”, contou Andrea, ex-cunhada de Bolsonaro, em mensagem obtida pelo UOL.
No meio político, a situação do presidente é considerada irreversível. Para Gilberto Kassab, manda-chuva do PSD, o cenário é "de falta de chance absoluta de se reeleger".
“Não vai dar impeachment na semana que vem, mas a batata começa a assar", completa Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT.
Com Lula liderando das intenções de voto e novas bombas que podem explodir em seu colo, talvez Bolsonaro se arrependa de ter topado disputar o cargo mais importante do País.