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Tuíre Kayapó, liderança indígena do Xingu, morre aos 57 anos no Pará

Ativista e liderança indígena ficou conhecida como a mulher que parou a construção de Belo Monte com um facão. Tuíre Kayapó será sepultada na aldeia Gorotiré, no sul do Pará

11/08/2024 às 18h29 Atualizada em 11/08/2024 às 18h52
Por: Redação Integrada Fonte: Regional 360 com G1 Pará
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Tuíre Kayapó combatia o garimpo e lutava contra o marco temporal — Foto: Simone Giovine/Associação da Floresta Protegida
Tuíre Kayapó combatia o garimpo e lutava contra o marco temporal — Foto: Simone Giovine/Associação da Floresta Protegida

Tuíre Kayapó será sepultada neste domingo (11), na aldeia Gorotiré, em Cumaru do Norte, ao lado da única filha biológica que teve, segundo a sobrinha.

“Nos últimos dias ela expressou o desejo de ficar ao lado da filha, que faleceu há alguns anos”, prosseguiu O-e Kayapó, ao explicar que a tia teve somente uma filha biológica. “Ela teve uma segunda filha, mas adotiva. Não teve netos biológicos”, completou.

O velório deve durar algumas horas e nele os indígenas Kayapós irão cantar as músicas dos principais rituais e cerimônias que Tuíre participou ao longo da vida.

Atualmente, enquanto se dedicava ao tratamento do câncer de colo de útero, a indígena coordenava um projeto que ensinava outras mulheres da aldeia a costurar.

O falecimento dela foi lamentado por diversas instituições de defesa aos povos indígenas e autoridades. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também manifestou pesar.

Tuíre (o 'branco' é quem diz Tuíra) sempre vestiu a roupa cultural do povo indígena Kayapó — Foto: Pat i Kayapó/Associação da Floresta Protegida

Ativismo indígena

Sem nunca ter sido intitulada cacique, mas sempre reconhecida como uma liderança dos povos originários no Brasil, Tuíre Kayapó combateu o garimpo em terras indígenas e se posicionou contra o marco temporal. Participou de diversas marchas, em Brasília, para defender os direitos e interesses da comunidade indígena e sempre lamentou não ser recebida em gabinetes no Congresso Nacional.

Ela ficou mundialmente como a guerreira que aos 19 anos de idade desafiou o ‘homem branco’ com um facão encostado no rosto. Foi durante o Encontro das Nações Indígenas do Xingu, em 1989, que a indígena confrontou o então presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz, a não construir a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira.

“Foi lá [no encontro] que ouvi o branco iria fazer coisas ruins na minha terra, no Xingu. Aqui, é minha terra! Não é sua terra não! Foi quando eu coloquei o facão no rosto do branco.”

Esta fala de Tuíre foi dada durante entrevista a Associação da Floresta Protegida, que está produzindo uma biografia da indígena Kayapó.

O projeto de construção da usina ficou parado por uma década, mas a construção saiu do papel, segundo Tuíre, sem que os povos indígenas fossem ouvidos.

Tuíra Kayapó aproxima facão no rosto do então presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, durante o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira, Pará, 1989. Foto: Paulo Jares — Foto: Sesc

Desde o Encontro das Nações Indígenas do Xingu, o facão passou a ser um símbolo que Tuíre carregava para onde quer que fosse. Em alguns momentos, quando lhe faltava voz, o facão empunhado era a sua fala.

Atribuía à avó dela o que aprendeu e a coragem para defender seu povo. Dizia que foi a avó dela sempre pregava que se deveria lutar em defesa da floresta.

“Minha terra, onde nasci, foi no Xingu. Lá é minha terra mãe. Por isso fico brava quando estão estragando o Xingu. Quero a minha terra sempre preservada”, contou Tuíra na entrevista para a Associação da Floresta Protegida.

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