O deputado federal Delegado Caveira (PL-PA) levou um fuzil e uma pistola para dentro de seu gabinete na Câmara dos Deputados, em Brasília. A ação, registrada em vídeo e publicada nas redes sociais, gerou reações e questionamentos sobre o uso de armamento pesado dentro das dependências do Congresso Nacional, local com rígido controle de segurança e normas sobre o porte de armas. As informações foram divulgadas pela coluna Radar, da Revista Veja.
Nas imagens, o parlamentar aparece segurando uma pistola ao lado do vereador de Belém Zezinho Lima (PL), que empunha o fuzil. “Somos armamentistas. Defendemos o porte de arma para o cidadão de bem. Ele, no Congresso Nacional, e eu, na Câmara Municipal de Belém”, declarou o vereador. Procurado, Zezinho Lima confirmou que as armas são reais e pertencem ao deputado Caveira.
A atitude de Caveira não encontra precedentes conhecidos no Parlamento. Embora, como delegado da Polícia Civil, ele tenha autorização legal para portar arma de fogo, o fuzil é classificado como armamento de uso restrito e não costuma ser exibido ou transportado livremente, especialmente em ambientes institucionais. A legislação prevê que policiais, mesmo fora de serviço, devem ter cautela no porte e não ostentar armas em locais com aglomeração, o que inclui as dependências do Legislativo.
O episódio também levanta dúvidas sobre os mecanismos de segurança da Câmara dos Deputados. A Casa conta com detectores de metais e sistemas de controle de acesso destinados justamente a impedir a entrada de armamento por pessoas não autorizadas. O fato de o deputado ter ingressado com o fuzil sem qualquer registro de restrição indica possível falha nos protocolos.
Delegado Caveira (PL-PA) é integrante da Bancada da Bala – Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados
Procurado pela reportagem do Portal Debate, o deputado Delegado Caveira se manifestou por meio de nota. Sem comentar diretamente a legalidade ou a pertinência da presença do fuzil no Congresso, ele afirmou:
“Sou Delegado de Polícia e responsável por cada uma das minhas ações. Se estão sem pauta, sugiro que falem do caos no INSS. Isso sim merece destaque!”
A reportagem do diário de notícias também procurou a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, que não se pronunciou oficialmente sobre o caso e nem informou sobre eventuais medidas disciplinares ou apuração interna da conduta do deputado.
Deputado mineiro representa contra Caveira
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) protocolou uma representação com pedido de medida de urgência na Câmara dos Deputados, solicitando a busca e apreensão de armas de fogo no gabinete do deputado Delegado Caveira (PL-PA). Segundo a denúncia, o parlamentar bolsonarista levou um fuzil calibre 5.56mm e uma pistola .40 para dentro do Congresso Nacional, exibindo as armas a assessores e visitantes, sem autorização da Polícia Legislativa.
Correia afirma que a conduta viola o Ato da Mesa nº 103/2019 e os artigos 267 e 271 do Regimento Interno da Casa, que proíbem o porte de armas, salvo em casos autorizados formalmente. Ainda de acordo com o petista, não há registro de autorização para o armamento nem comprovação de que ele tenha sido acautelado, o que seria obrigatório. O próprio Delegado Caveira teria admitido portar as armas, alegando ameaças e sua condição de policial civil licenciado.
O que aconteceu
O vídeo em que o deputado Delegado Correia aparece armado em seu gabinete na Câmara foi compartilhado nas redes sociais pelo vereador Zezinho Lima (PL-PA), de Belém.
“Somos armamentistas. Defendemos o porte de arma para o cidadão de bem. Ele, no Congresso Nacional, e eu, na Câmara Municipal de Belém", diz a publicação.
Após o caso viralizar, Delegado Correia ainda debochou nas redes sociais, voltando a publicar a imagem em que empunha um fuzil na Câmara: "Doa a quem doer", escreveu.